sexta-feira, 17 de setembro de 2021

MANGÁS: Sonic the Hedgehog Story Comic Volume 3 (1991)

Eu poderia fazer uma piada sobre Novembro azul aqui, mas melhor não.

Sonic the Hedgehog Story Comic Volume 3
Lançamento: Agosto de 1991

No seu terceiro volume, o mangá promocional dedicado a Sonic 1 está chegando ao seu fim. Apesar do segundo volume ter sido interessante e ter oferecido uma perspectiva sobre o desenvolvimento do primeiro Sonic, não conseguiu ser algo no nível da primeira edição. Fico feliz em dizer que o Volume 3 nos dá um pedaço de lore de Sonic bem infame, e dá uma perspectiva em como a SEGA of Japan lidava com o personagem na época. Sentem-se e vamos nessa.

O mangá começa com o Sonic correndo pela Clock Work Zone, já nos dando mais outra evidência de que o mangá foi feito durante o desenvolvimento do jogo. Aqueles que são fãs ávidos do Sonic vão lembrar como em revistas dos anos 90, falando sobre Sonic 1, continham fotos do protótipo do jogo. Originalmente, a Scrap Brain Zone era chamada de "Clock Work Zone", e humoristicamente, como o jogo não continha a letra "W" na sua fonte, a zona aparecia com o nome de "Clock  ork Zone". Para a felicidade dos fãs, na virada de 2020 para 2021, foi revelado que foi encontrado um protótipo funcional de Sonic 1, fãs puderam trafegar pela Clock Work Zone por si mesmos. 

Não se preocupem, é só girar o "M" de cabeça pra baixo, que vocês conseguem seu W!

Mas ok, voltando ao mangá. Sonic continua procurando o paradeiro de seus amigos: Flicky, Pecky e Rocky. Isso até ele cruzar caminho com uma das armadilhas do Robotnik, e ser enviado para a Labyrinth Zone. Eu diria que a ordem de fases está um pouco trocada, mas ao mesmo tempo, o terceiro ato da Scrap Brain é um recolor da Labyrinth Zone, então vou deixar essa passar, hahaha.

Porém, então é na Labyrinth Zone que vemos o Sonic fazer algo que ele nunca faria no jogo: sai nadando de volta pra superfície. Isso é um aspecto que várias adaptações de Sonic do começo dos anos 90 fariam, desde o Sonic em AoStH nadando a super velocidades, e o Sonic nadando nos gibis da Archie, as adaptações Japonesas também não são vulneráveis a essa falha.

Isso facilitaria tanto a Labyrinth Zone que vocês não fazem ideia.

Após escapar da Labyrinth Zone, Sonic consegue chegar na base do Eggman, que estranhamente, a entrada é uma estátua de um rosto gigante de uma Tartaruga. E então, Eggman se revela pro Sonic, segurando seus amigos como reféns. Então, Eggman apresenta um ultimato ao ouriço: ou ele salva seus amigos e deixa o cientista em paz, ou ele luta contra o doutor, e perde seus amigos.

Antes desse conflito conseguir se apresentar propriamente, Sonic já consegue resolvê-lo. Sonic, sendo ridiculamente rápido, consegue libertar todos os seus amigos enquanto Eggman estava no meio de sua apresentação. Isso é um lance que algumas histórias de Sonic tentam lidar de diferentes maneiras, mas deixa eu basicamente explicar o que é.

Quando se tem um personagem tão rápido como o Sonic, pode ser difícil estabelecer tensão na história. Imagine aquela cena da ponte envolvendo o Duende Verde, o ônibus escolar e a Mary Jane do primeiro Homem-Aranha, só que com o Sonic. Sonic conseguiria salvar os dois antes do Duende Verde sequer terminar de falar. A velocidade do Sonic, em uma perspectiva de história, pode ser fácil pra quebrar o roteiro e a tensão ao meio. Veríamos muito mais disso em AoStH como a resposta do Sonic para vários problemas.

Mas ao mesmo tempo, isso não chega a ser um aspecto muito negativo pra mim, mas a história certamente ganha um plus quando conseguem incorporar a velocidade do Sonic, e ainda manter a tensão. Algumas histórias conseguiriam acertar isso, mas ainda vai levar um tempo até eu conseguir chegar até elas.

Terra é bastante nutritiva para a dieta, de acordo com Eggman

Após salvar os seus amigos, Sonic parte pro ataque pra cima do Eggman, e dessa vez, derrotando o cientista. Derrotado, Eggman abana a clássica bandeira da paz, enquanto os amigos do Sonic comemoram. E assim, a parte de mangá dessa revista chega ao fim. Uma história simples, feita mais pra divulgar o jogo, mas não deixa de ser interessante.

Porém, a nossa história com "Sonic the Hedgehog Story Comic Volume 3" não termina aqui. Depois da história em quadrinhos, somos recebidos com uma história em texto, que diz possuir a história de origem do Sonic. Mas não é qualquer origem do Sonic. Durante uma época, a SEGA of Japan cogitava inserir como parte da lore dos jogos o fato de que, bem, Sonic é um personagem fictício.

Tipo, não me entenda errado, o Sonic é um personagem fictício, mas a intenção era fazer algo no estilo de ele era um personagem fictício dentro de um mundo "real", e o Sonic acaba virando realidade nesse mundo.

Chegou minha hora de ser piloto de avião usando essa jaqueta.

Basicamente, a história afirma que em 1947, existia um piloto da Força Aérea Americana chamado de Henry Gordon, que recebeu o apelido de "ouriço" por seus colegas. Por conta disso, ele costurou um emblema de um ouriço no verso de sua jaqueta de piloto, ouriço, que era bastante similar visualmente ao Sonic. Henry tinha um amigo que também era piloto chamado de Chuck Yeager, onde ambos tinham uma competição interna de quem conseguia ser o mais veloz pilotando o avião.

Ele e Chuck Yeager participaram em um teste de voo em quem conseguiria quebrar a barreira do som, e ambos trocaram jaquetas como um símbolo de boa sorte antes de realizarem a competição. Apesar de Gordon ter quebrado a barreira do som primeiro, seu avião explodiu e ele morreu como resultado disso. Yeager foi reconhecido com o primeiro homem a quebrar a barreira do som, criando um "Sonic boom." Yeager ficou triste pela perda de seu amigo, e sentia que Gordon não estava sendo lembrado da maneira que deveria. Yeager manteve a jaqueta do Gordon e a apelidou de "Sonic o Ouriço".

Com o passar do tempo, muitos outros pilotos passaram a colocar emblemas envolvendo "Sonic o Ouriço" nas suas jaquetas. Dez anos depois, a demanda por essas jaquetas estava alta, mas ninguém se lembrava mais de Henry Gordon. Um detalhe curioso sobre aqueles que usavam a jaqueta do Sonic, ninguém sofria um acidente.

Um dia, Chuck Yeager visitou a família Gordon e deu a jaqueta de Sonic para a filha de Henry, Meg, agora uma adulta trabalhando como uma fotógrafa freelancer. Quando ela veste a jaqueta, Meg sente que seu pai está a protegendo. Um dia, ela atendia um show aéreo onde ocorre uma colisão nos ares entre jatos. Isso provocou um grande incêndio e Meg fica encurralada. Quando ela está prestes a perder a consciência, ela vê Sonic, o ouriço, e ele a resgata. Antes dela desmaiar, ela o vê balançando seu dedo, que nem o seu pai costumava fazer.

Meg acorda uma semana depois no hospital. Ela fica aliviada para encontrar sua jaqueta inteira, só pra então perceber o Sonic que estava bordado nela, tinha desaparecido.

SUMIU!

Uau, nem sei por onde começar. É uma história absolutamente louca, e com certeza teria uma repercussão bem mais diferente na série se esse tivesse sido o canon adotado. Mas apesar disso, nunca esteve muito claro que função essa história iria ter pra mitologia da série Sonic, pois ela mesma contradiz o que já é mostrado no Mangá. Sonic é a reencarnação de um piloto da Força Aérea Americana que é um astro do rock? Acho que não.

Essa história em detalhes maiores seria divulgada mais pra frente em Sonic Adventure 2, quando como um bônus na edição de colecionador, foi liberado a bíblia interna que a SEGA of Japan usava no começo dos anos 90 para a série Sonic. Essa história parecia ser bem querida pela SEGA, visto que ela seria referenciada no Mangá de 1992, e iria ser usada no filme cancelado do Sonic de 1996, Sonic: Wonders of the World (Um dia vamos chegar nesse filme).

Mas ao mesmo tempo, dá pra ver de onde estavam indo com essa lógica. Quando se quebra a barreira do som, um sonic boom ocorre, onde basicamente, o objeto fica mais rápido que a propagação do som, provocando uma explosão. Sonic corre na velocidade do som, todas as peças se encaixam. Mas no fim do dia, a ideia de que Sonic seria uma reencarnação de um piloto da Força Aérea Americana, que fica protegendo a sua filha de sua vida anterior, é simplesmente estranha demais.

No entanto, não vou negar que é uma olhada interessante no desenvolvimento dessa série, e o quão o Sonic passou por mudanças, não só antes do lançamento, como depois do lançamento do jogo.

No geral, essa trilogia de mangás, combinada com essa história é uma olhada interessante em um possível universo alternativo onde a SEGA acordou com o pé esquerdo, e teríamos uma lore drasticamente diferente pra série Sonic.

Eu dou para Sonic the Hedgehog Story Comic Volume 3 a nota de 7.5/10

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